Sabe aquela resenha que você fica adiando, porque não consegue colocar seus pensamentos no papel? Eu ainda não sei bem o que dizer sobre “O desvio”, de Gerbrand Bakker, além do fato de que ele mexeu comigo de uma maneira inesperada.
⠀⠀⠀Uma mulher holandesa, conhecida por Emilie, aluga uma casa em uma área rural do País de Gales. Calada e misteriosa, ela vaga pela propriedade, cercada por uma paisagem rica e desoladora, em busca de algo. Um sentido para a vida? Um momento de paz? Não se sabe ao certo.
O que sabemos é que ela sumiu, e a família a procura. Por que Emily está tão longe de casa?
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Aos poucos, alguns detalhes da vida dela são revelados, e sua estadia na velha propriedade, até então solitária, vai ser contestada. A cada nova figura que se aproxima, a identidade de Emily – se esse for mesmo o nome da moça – parece ser posta em xeque.
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Há uma certa tensão, uma urgência permeando esse livro que é diretamente oposta ao seu ritmo manso. Aos poucos essa escolha narrativa faz sentido, mas ainda não sei gostei dela. É um livro holandês, tem um estilo de prosa diferente : um tanto seco em partes, e idílico e reflexivo em outras.
Emily Dickinson passeia por toda a narrativa, e se você conhece algo do tema principal do seu trabalho, vai entender onde a história termina.
E ao chegar no fim, depois de toda a estranha jornada de Emily, não pude escapar dos sentimentos. Me coloquei no lugar dela, e compreendi.
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Uma leitura que começa despretensiosa e termina densa e assombrada. Não é à toa que é tão difícil falar sobre ela. Não recomendo para todo mundo, mas se você é do tipo de leitor que curte narrativas premiadas e bem fora do maintream, acho que vai gostar.
A edição da Radio Londres, além de ótima tradução, conta com uma ilustração de capa belíssima, que faz todo o sentido ao fim do livro.
